O desaire em matéria de prevenção de incêndios foi de tal ordem que obrigou membros do Governo a virem a público reconhecer o que toda a gente já percebeu. A isso se viu obrigado António Costa, da Administração Interna, mas também o próprio ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, Jaime Silva, que veio também admitir que a prevenção de incêndios florestais falhou, ainda que escudando-se no facto de este ser um problema «dos últimos 30 anos».
«O Dr. António Costa disse algo que eu subscrevo. Disse-o no momento oportuno, para lembrar que o Governo só podia fazer a aposta que foi feita: reforçar os meios de intervenção e combate», afirmou Jaime Silva, durante uma conferência de imprensa realizada no dia 17 para apresentar a Estratégia Nacional para as Florestas.
O ministro da Agricultura comentava as afirmações do ministro da Administração Interna, António Costa, que considerara antes que o elevado número de alertas de incêndio registados na semana anterior demonstram que «a prevenção não produziu os efeitos desejados», eufemismo que, traduzido à letra, significa fracasso absoluto relativamente à tese propagandeada aos sete ventos pelo Governo de que nunca como este ano
fora montada uma prevenção de incêndios florestais tão eficaz.
Ignorado por Jaime Silva foi o facto de nestas três décadas a política agrícola e florestal, bem como a política de combate aos incêndios, terem estado sob a responsabilidade de ministros quer do PS quer do PSD.